segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Coreia do Norte tem mais de 200 mil presos políticos, diz Anistia

Manifestantes usam bandeira nortecoreana com a imagem do ditador Kim Jong Il durante um protesto contra grupos pró-Coreia do Norte, em Seul, na Coreia do Sul Foto: AP
Manifestantes usam bandeira nortecoreana com a imagem do ditador Kim Jong Il durante um protesto contra grupos pró-Coreia do Norte, em Seul, na Coreia do Sul AP



MADRI e GENEBRA - A Anistia Internacional divulgou um relatório esta semana em que denuncia a existência de pelo menos seis campos de concentração na Coreia do Norte, que abrigariam mais de 200 mil presos políticos. Só em Yodok, o maior deles, estariam cerca de 50 mil - entre homens, mulheres e crianças.
“Existem bebês que nascem em Yodok e permanecem lá pelo resto de suas vidas”, diz o relatório da Anistia.
Quem critica abertamente o regime e quem acessa veículos de comunicação estrangeiros é condenado aos campos de concentração, também chamados de “de reeducação”, junto com seus familiares. O governo norte-coreano nega a existência desses centros, mesmo com a existência de fotos de satélite e os testemunhos de antigos guardas e ex-presos abrigados por organizações internacionais.
Todos os prisioneiros, inclusive as crianças, são submetidos a trabalho forçado e à tortura. De acordo com a Anistia Internacional, são muitos os casos em que os presos morrem antes de serem libertados. As execuções, tanto as secretas como as públicas, são cotidianas. Uma testemunha ouvida pela ONG afirma que roubar comida é motivo suficiente para ser condenado à morte.
Vítima testemunhou assassinatos durante 28 anos
Kim Hye Sook foi uma das vítimas e testemunhas dos abusos cometido no campo de concentração de Gwalliso, onde chegou com apenas 13 anos para se juntar a seus pais, que já estavam presos. Kim conta que os prisioneiros são tratados de forma desumana e que sofrer abuso dos guardas também faz parte da rotina.
Em uma conferência da Aliança de Cidadãos para os Direitos Humanos na Coreia do Norte, realizada recentemente na Suíça, a sobrevivente contou detalhes da sua experiência de 28 anos no campo de prisioneiros.
Ela contou que era obrigada a assistir execuções públicas e que ficou sem comida para poder alimentar seus irmãos e irmãs, que continuam presos. De acordo com a norte-coreana, muitos presos, assim como ela, não sabiam porque tinham sido presos e acabaram morrendo simplesmente por perguntar.
- Nunca tinha algo bom para se comer e muitas pessoas morriam de fome. Logo após chegar eu já não sentia nada ao ver corpos, depois de ver tantos cadáveres. Os prisioneiros de lá não sabem o que significam direitos humanos. Eles vivem pior do que cachorros.
Kim Hye Sook estima que mais de 100 execuções públicas acontecem todo ano pelo mais variado tipo de delito, “o que inclui até roubar pó de milho por superstição”.
- Eu vi minha primeira execução pública quando tinha 13 anos, era apenas uma criança. Todos no campo tinham que ir e assistir.
Depois de ser considerada uma trabalhadora exemplar nas minas do campo, ela recebeu a permissão de se casar e, depois, de dar à luz dois filhos. Entretanto, seu marido e seu irmão morreram em acidentes nas minas. Após ser libertada em 2001, ela fugiu para a Coreia do Sul, onde vive atualmente, passando pela China e pela Tailândia

Fonte: http://oglobo.globo.com/mundo/ acesso em 05/12/11 

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